Para quem gosta de investigação com pitadas de romance e conflitos familiares
Mulher, 37 anos, herdeira de uma joalheria. Segura, equilibrada e com vida tranquila, foi criada pelo pai como uma fortaleza, após ser abandonada, aos seis anos de idade, pela mãe. O destino impôs à protagonista Duda Castelo Branco uma reviravolta drástica, quando o pai sofreu um grave acidente e ela tem a chance de descobrir os motivos que levaram a progenitora a se afastar.
Aquilo que nunca soube, sexto livro da escritora brasiliense Luciana de Gnone, há quatro décadas moradora no Rio de Janeiro, lança luz à prática da alienação parental, ambienta sua narrativa no Rio de Janeiro e apresenta uma mulher como protagonista, uma das características da escrita de Gnone. Explora, ainda, outros temas complexos, como: abandono, violência psicológica, relacionamento abusivo e ditadura militar.
O lançamento do livro tem previsão para 17 de agosto e estará concorrendo ao 80 Prêmio Kindle de Literatura, que reconhece autores e autoras independentes do Brasil e suas obras.
Sombras do afastamento:
Quando o pai da protagonista Duda, José Eduardo, está à beira da morte, ela mergulha em uma investigação pessoal, escutando os diários gravados, em 12 fitas cassetes, por sua mãe, Sara, três décadas antes. Os relatos são de anos de angústia, tristeza e sonhos interrompidos. Duda, uma mulher segura de si, não demonstra os traumas profundos causados pelo abandono materno e, talvez, nem esteja preparada para enfrentar a verdade, porque a descoberta pode ser mais dolorosa do que a própria rejeição, indica a autora.
Narrada em primeira pessoa, tanto pelas vozes de Duda Castelo Branco quanto pela mãe, Aquilo que nunca soube é uma obra investigativa que trata principalmente da prática da alienação parental. O livro também provoca reflexões sobre o capacitismo, por exemplo, ao apresentar a construção do personagem Guilherme, juiz de Direito diagnosticado no Transtorno do Espectro Autista, aos 12 anos
Alienação parental
Ao trazer a alienação parental para as páginas do seu novo romance, Luciana de Gnone dá um gancho atual à obra, tendo em vista que estão em trâmite no Senado Federal dois projetos que buscam o fim da Lei de Alienação Parental. Em um deles, apresentado pelo senador Magno Malta, alega que a lei estaria sendo manipulada por pais abusadores. Já o outro, que foi aprovado pela Comissão de Direitos Humanos do Senado, tornou-se projeto de lei, em abril de 2023. Os dois ainda passarão por outras comissões do Senado antes de seguir para votação no plenário.
Advogados especialistas no assunto esclarecem que a Lei de Alienação Parental tem sido utilizada, principalmente, por homens para amedrontar as mães e reforçar o estereótipo de gênero no judiciário. Na prática, ao adotar a lei, o filho é o sujeito menos beneficiado nos conflitos existentes. Eles afirmam que as crianças têm o direito fundamental de conviver com o pai e a mãe e isso deveria ser respeitado, mas não faz parte da vida da realidade de muitas. De acordo com dados divulgados pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, o número de processos de alienação parental aumentou 15% no estado, nos três primeiros meses de 2023, em relação ao mesmo período de 2022. Ao trazer o tema, no Aquilo que nunca soube, Luciana de Gnone propõe uma reflexão e não pretende defender nenhum dos lados.
“Não sou jurista. Não tenho intenção de que o livro crie debates sobre a efetividade da lei. Minha motivação é mostrar os traumas psicológicos irreparáveis que o menor desenvolve ao ser vítima da alienação parental e, principalmente, provar que tanto o pai quanto a mãe podem ser alienadores: alienação parental não depende de gênero”, explica a escritora.
Os bastidores
Para escrever, a autora contou com a mentoria de Carol Façanha, doutoranda em Literatura e ganhadora do Prêmio Le Blanc, 2021. O livro passou por duas leituras críticas. Primeiro, por Claudia Lemes, escritora de suspense, autora de Quando os Mortos Falam, finalista do prêmio Jabuti 2022 e vencedora do prêmio Aberst 2022. A escritora Vanessa Passos, que foca na narrativa de relacionamentos familiares, foi responsável pela segunda leitura crítica. Vanessa é autora de A Filha Primitiva, livro vencedor do 6º Prêmio Kindle e Jacarandá 2022, dentre outros.
Serviço:
Título: Aquilo que nunca soube
Autora: Luciana de Gnone
Editora: Independente
Formato: e-book
Número de páginas: 200
Vendas: Kindle
Preço: R$ 13,90
Sobre Luciana de Gnone
Escritora de ficção policial, autora de seis romances, todos protagonizados por mulheres, declara sua preferência por ambientar as tramas no Rio de Janeiro, cidade na qual reside há mais de 40 anos, apesar de ser natural de Brasília. Formada em Administração de Empresas e pós-graduada em Marketing, viveu 12 anos em diferentes países: Cazaquistão, Colômbia, México e Costa Rica.
Recebeu Menção Honrosa da Academia de Letras e Música do Brasil (Almub), pelo conto intitulado No Topo do Mundo, ao participar do Concurso de Contos Almub-2020. É autora associada da Associação Brasileira de Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror (Aberst).
Luciana teve cinco títulos publicados de maneira independente, sendo que seu último, Crimes em Copacabana, será relançado, ainda esse semestre, pela editora Letramento. A autora investe na formação do público leitor e produz a newsletter #Evidenciando, que entrega conteúdos variados sobre o entretenimento policial para mais de 130 assinantes. Também administra o perfil @elasinvestigam no Instagram, página dedicada a fãs de entretenimento policial protagonizado por mulheres.
Livros publicados
Trilogia da Saga de Betina Zetser:
Súplica em Olhos Mortos (2014)
Vestígios (2020),
Delito Latente (2020)
Romances:
Evidência 7: Segredo Codificado (2021)
Crimes em Copacabana: Caçada ao dono da Babilônia (2022), relançado pela editora Letramento (2023)
Aquilo que nunca soube (2023)